terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

364 dias!

Eis que me descubro, debruçado sob um teclado, refletindo e refletindo no que deveria escrever para abrir a coluna e estrear o novo site. Poderia tratar de política, economia, futebol, cinema, música... Entretanto, todo tema desenvolvido converge para a data de hoje, 20 de novembro.

O Dia da Consciência Negra deve e deveria ser o tema abordado, por ser o redator um homem “também” negro e por tratar de um espaço, de cultura, música e informação para negros. Entretanto, como não ser redundante, previsível e insosso? O que seria o Dia da Consciência Negra? Será que o negro efetivamente tem a consciência do que significa a data, sua importância e de sua identidade enquanto agente e paciente nas relações da comunidade ao redor?

Questiono se têm ideia de quem foi Zumbi, Martin Luther King, Nelson Mandela e tantos outros. Se percebem a importância de cada um, seja em sua época ou nos dias de hoje. Se a luta de cada um destes ainda está distante do fim.

Quantos dos que leem, já foram reprovados em entrevista de emprego por não possuírem uma tal “boa aparência”? Quantas já foram aconselhadas a alisar seus cabelos para passar “credibilidade” ao cliente? Quantos são cotistas em universidade pública e ironicamente, também sofreram preconceito por serem cotistas? Quantos já ouviram que o elevador de serviço era o outro, mesmo quando eram moradores do prédio? Quantos já ouviram piadas preconceituosas? Quantos tiveram o coincidente infortúnio de serem os únicos passageiros revistados em um ônibus cheio? Quantos, passaram por diversas e inimagináveis situações vexaminosas?

Infelizmente não são poucos, de certo, entretanto há algo que me mantém ainda mais apreensivo. Quantos destes têm a consciência de sua real importância na modificação desse contexto?

Ser negro em um país que de forma velada ainda segrega é muito difícil. Mais difícil ainda, devemos admitir é ser pobre nesse mesmo país. Nem imagino o que deve passar um negro, pobre, nordestino e homossexual... Definitivamente, guardadas as devidas proporções, deve beirar uma tragédia.

Comecemos a refletir e a mudar isso por nossas atitudes. Devemos ter orgulho de nosso cabelo crespo, de nossa pele, de nosso sorriso, de nossas manifestações culturais, incluindo o samba. Ainda que você não goste da batucada ou da dança, reconheça que faz parte de nossa identidade e valorize. 

ORGULHE-SE! MANIFESTE-SE! VALORIZE-SE! LUTE!

Não uma luta nos moldes propostos por Malcom X, mas uma luta postural quanto às nossas atitudes. Definitivamente, uma data para refletir sobre a importância do negro, sem que este se identifique como tal, torna o 20 de novembro apenas mais um feriado como tantos outros. 

E se por um acaso, arrepender-se por ter tratado o dia como apenas mais um feriado sem sentido, não desanime... Ainda restam 364 dias para praticar e exercitar consciência ambiental, ética, cidadania, gentileza, respeito ao próximo e consciência negra, antes do próximo dia 20 de novembro.

http://www.radiorioblack.com.br/a-mistura-e-fina.html

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